"Santa Puberdade Vegetal" é uma exposição individual que reúne várias séries ou fases do meu trabalho desenvolvido ao longo deste último ano. Embora por vezes de naturezas ligeiramente discordantes, todos estes subgrupos de desenhos partilham elementos que estabelecem um fio condutor considerável entre eles. Todos se assumem como composições orgânicas , muitas vezes definidos por uma certa ambiguidade e/ou dificuldade em classificá-los e separá-los entre órgãos sexuais e peças de fruta. São desenhos surreais, embora tenham como base a realidade comum e ocidental que partilhamos, todos ambicionam ser híbridos fantasiosos. Alguns são coisas peludas, disformes, frágeis, com entranhas aparentes. Uns remetem para as secções transversais dos livros de biologia, outros para sistemas e esquemas astrológicos. Muitos destes seres estão ornamentados com auréolas cintilantes, confundindo-se facilmente com santidades provindas de outro planeta. Não me desagrada de todo o carácter quase religioso ou místico que estes possam ter. Acho nomeadamente que na maior parte dos casos essa dimensão é-lhes conferida pela centralidade e/ou construção fálica das imagens. Contudo, eles são todos muito claros e objectivos. Contam as coisas mais simples e eternas da vida sem fazer muitas perguntas. Acendem algumas intrigas, é claro. Fazem-no de forma consciente, mas negam tudo e afirmam o contrário. Gostam principalmente de ser contemplados pelo que são, de criar empatia ou estranhamento, de ser admirados ou condenados por serem totalmente odiosos.